terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Descongelando

Está descongelando. Hoje, a poucos dias do final de 2011, o Fronteirices renasce. Foram 17 meses hibernando. Corrijo-me. Hibernando é palavra errada. Segundo a Wikipedia en español, “hibernar é um estado de hipotermia regulada, durante alguns dias, semanas ou meses, que permite aos animais conservar sua energia durante o inverno.” No meu caso, eu andei gastando muita energia num inverno pessoal longuíssimo de 17 meses onde meu mundo era um emaranhado incompreensível de decepções, descobertas, desilusões e belos momentos extraordinários. Entendo que não podemos contar com uma linearidade de bênçãos nas nossas vidas. Elas tem vontade própria, pernas longuíssimas que as vezes se cansam e por sua vez também hibernam, criando verdadeiros órfãos da esperança.

Permita-me justificar minha ausência deste cyberespaço. Vim para estas terras texanas cheia de vontade. Desejo de abraçar o mundo, explorar os meus limites, me reinventar. Durante os meses em Laredo o Fronteirices foi uma ferramenta valiosíssima de tradução das minhas descobertas e da manutenção da minha sanidade num momento de tantas transitoriedades. Ali estava eu me readaptando à vida em terras americanas, ali estava eu aprendendo a me casar e a conviver com todos os altos e baixos de um casamento. Tudo ao mesmo tempo agora, tudo sem bula exata, apenas as prescrições daquilo que se aprende da vida (linhas tortas cheias de incompletude). Mas quando minha vida pessoal realmente fugiu do meu controle, eu estacionei o carro numa esquina escura e saí perambulando atrás de respostas. Tive medo de me expor demais. Minha escrita é passional. Como negar a tempestade que havia transformado meu sangue em água fervente? O meu último post, “Imensidão,” já anunciava a areia movediça que só começava a subir pelas canelas.

O bom do tempo é sua capacidade de colocar a vida em perspectiva. Passaram-se 17 meses (quase uma gestação de elefante!), e hoje já consigo agarrar os espaços azuis entre as densas nuvens. Transito neste momento entre a fronteira do caos e do novo de novo. Este novo sendo eu após a tempestade.