domingo, 19 de outubro de 2014

A vida na outra margem do rio

De braços abertos no rio Sava em Belgrado, Sérvia, agosto de 2014

Eu atravessei para a outra margem do rio e o mundo que encontrei é belo e bruto. As dores ficaram para trás e as cicatrizes já sumiram com pomadas de humildade, compaixão própria, amizades sinceras e chá de camomila antes de dormir. Se precisar de referências, leia o meu post anterior.  Meu braços hojes são fortes, talhados em introspecção e ioga. Porque é preciso ter braços fortes para se construir o futuro.  E um músculo cardíaco que bate em uníssono com a vontade de explorar.

O desafio inevitável é navegar o presente e erguer as pontes para o amanhã. O meu presente hoje é de mulher profissional trabalhando no 47o andar de uma torre fincada no centro financeiro de uma grande metrópole norte-americana. De mulher solteira re-descobrindo de que são feitas as conexões entre homem e mulher e, neste exercício, rindo com as aventuras que aparecem no caminho ou choramingando os desencontros e os eventuais encontros com ogros no meio da estrada.  Vida de filha que daqui pra frente quer passar mais tempo perto dos pais, seja fisicamente ou em espírito.  Vida de explorar novas amizades e de reavaliar aquelas que já não mais se sustentam porque as diferenças de valores passaram a gritar mais alto que as semelhanças. Vida de quem aprendeu a dizer não a maior parte do tempo. Mas ainda há muitos nãos a dizer. E, como não podia deixar de ser, uma sacola cheia de sins.  


O meu presente hoje é de tentar achar o meu lugar no mundo, tirar o olho do umbigo e pensar no legado que deixarei para a humanidade. De que valem os títulos e as torres se a energia não está focada para o bem comum, para o melhoramento da nossa espécie humana, para a quebra das correntes, para o esfalecimento do medo? Neste último ano vi que um dos dons que possuo é o de aconselhar mulheres profissionais  a viverem plenas vidas profissionais, sem medo de negociarem salários, de sentarem-se `a mesa junto aos tomadores de decisões, de pedirem as merecidas promoções. Estou moldando projetos em cima disto, nada muito concreto, apenas emaranhados de pensamentos e vontade. Vamos ver para onde me levará a próxima aventura. Espero que em minha vida ainda haja muitos rios por nadar, de preferência em águas mais calmas e transparentes.

2 comentários:

  1. Você é retada demais, mulher! Esse seu objetivo do final do texto combina muito com a senhorita. E te falo mais: sigo no meu trabalho burocrata do lado de cá, mas acho que em breve terei novidades e isso graças às nossas conversas de anos atrás, entre outras coisas. E pufavô, escreva mais aí. Beijo!

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  2. Juliana, você é inspiradora! As suas palavras (tão bem escritas) transmitem o seu perspectivo maravilhoso, positivo, aberto, aventureiro e sábio!

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Eu adoro um comentário sobre as minhas coisices. Escreve, escreve!